Vamos falar sobre "O que é o assédio moral e os danos físicos e psicológicos na vítima". Conceitos, objetivos, o que caracteriza o assédio moral, os tipos de assédios que existem, como identificá-lo, perfis e estratégias do assediador, perfis das vítimas e as consequências físicas e psicológicas daquele que sofre o assédio. Não há cunho jurídico, apenas informativo.
O assédio moral não é um fenômeno novo, mas suas discussões são recentes. No Brasil, foi exposto pela primeira vez como tese de mestrado na PUC em 2000 pela Dra. Margarida Barreto. O tema foi muito estudado em países anglo-saxões e chamado de mobbing, cuja derivação vem de mob - agredir, atacar.
Há vários conceitos de assédio moral, mas uma das definições é a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras pelos assediadores através de atos, condutas abusivas ou comportamentos agressivos, de forma intencional e repetidas com frequência; de maneira prolongada, durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções. Atitudes estas que, firam a dignidade, causem danos psicológicos e físicos à vítma, predominando relações desumanas e aéticas; desestabilizando a relação do trabalhador com o ambiente de trabalho e a organização, tornando insustentável a permanência da vítima no emprego.
O objetivo do assédio moral é o desejo do assediador em forçar a vítima a desistir do emprego. Deste modo, o assediador passa a criar um ambiente de trabalho insuportável e, consequentemente o empregado acaba pedindo demissão.
O assédio moral é caracterizado por condutas que evidenciam violência psicológica contra o empregado juntamente com o fator humilhação. Mas, deve haver repetição contínua das condutas negativas, intenção de forçar o outro a abrir mão do emprego, direção (uma pessoa do grupo é escolhida como bode expiatório), temporalidade (durante a jornada de trabalho, por dias e meses) e degradação deliberada das condições do trabalho.
Se você pensa que o assédio moral no trabalho só é praticado por chefias, se engana. Há três tipos de assédios:
O assédio descendente é o mais comum. Parte da chefia para os subordinados. O objetivo é desestabilizar a vítima para produzir mais por menos, deixando sempre a impressão que não está atingindo os objetivos da empresa.
O assédio ascendente é mais raro. Parte dos subordinados para a chefia. É mais difícil de acontecer pois, geralmente é praticado por um grupo. Subordinados ambiciosos influenciam os colegas de trabalho com o objetivo de tomar o lugar do superior. E estes mesmos colegas de trabalho passam a se sentir fazendo parte do grupo para a tomada de decisões.
O assédio paritário é quando um grupo isola e assedia um membro, parceiro. Eliminar concorrentes, principalmente quando este indivíduo vem se destacando com frequência perante os superiores é o objetivo.
As condutas mais comuns para se identificar um assédio são: ordens confusas, dificultar o trabalho da vítima, exigência de trabalhos urgentes sem necessidade, sobrecarregar a vítima com trabalhos, ignorar a presença ou não cumprimentá-la, não falar com a vítima na presença dos demais, criticar ou fazer brincadeiras de mau gosto em público, controlar seus horários de idas ao banheiro, retirar seus instrumentos de trabalho, restringir o uso de sanitários e partes da empresa, isolá-la dos colegas, dentre outras.
Estas atitudes tendem a fragilizar a vítima nos aspectos emocionais, sociais, profissionais e físicos. Começa a perder a auto-confiança, o interesse pelo trabalho, desenvolver doenças e até levá-lo a morte.
Os assediadores possuem características de pessoas narcisistas. Normalmente projetam imagens positivas e grandiosas de si, fantasiam êxitos ilimitados, grande necessidade de admiração e arrogância. É um ser que possui limitações, deficiências e incompetência e suas atitudes o levam a eliminar possíveis ameaças. Os assediadores ativos são capazes de oferecer privilégios aos aliados, caso se juntem ao grupo. Podem surgir desejos de abuso de poder, sentindo-se mais forte do que a sua realidade o permite. Denegrir a imagem da vítima com mentiras é uma arma poderosa contra a dignidade da pessoa. Geralmente, atacam profissionais que se destacam, éticos, que recebem méritos por seus trabalhos da chefia e colegas de trabalho.
Também há os assediadores passivos que podem ser os próprios colegas de trabalho, unindo-se ao assediador ativo ou se calando diante da situação. Pode ser por medo do desemprego, por competição e prazer ou até de ser o próximo da lista. Infelizmente, há chefias que se tornam assediadores por pressões que as empresas impõem para o cumprimento de metas.
Qualquer pessoa pode se tornar uma vítima de assédio moral, mas profissionais bem dotados intelectualmente, éticos, responsáveis, competentes são alvos fáceis. Normalmente o perfil da vítima é o de pessoa crédula, de certa maneira ingênua e com necessidade de aprovação por parte dos colegas.
O assédio pode ser visto como uma ferida, um trauma para a pessoa que sofreu, pois atacam a dignidade e os direitos de sua personalidade. Podem resultar em prejuízos psicológicos, afetivos, sociais e físicos. Conforme estudos feitos, as vítimas podem passar a sofrer de ansiedade, depressão, apatia, tensão, problemas estomacais, diminuição da concentração, desinteresse pelo trabalho, insônia, isolamento da família, principalmente se for homem, por se sentir inferiorizado, se sentir incapaz, baixa auto-estima, auto-imagem negativa, stress, doenças de pele, sociofobia, ataques de pânico, melancolia e até tentativa de suicídio.
Trabalhar o lado psicológico da vítima é essencial e a terapia cognitivo comportamental pode auxiliá-lo controlando o stress, na assertividade com a expressão adequada de suas emoções, na defesa de seus direitos pessoais, honestamente sem violar os direitos de outras pessoa e a ultrapassar a vivência traumática.
Infelizmente, este fenômeno é mundial e com forte incidência também em países evoluídos. Segundo informações da OIT (Organização Internacional do Trabalho), as próximas décadas não serão nada boas devido às fortes influências das políticas neoliberais.
Provar um assédio moral não é fácil, é necessário que haja solidariedade.
Adorei esta matéria sua, de maneira bem direta exeplifica e mostra o que é o assedio moral, problema que também impede o avanço das empresas em sua missão!!!
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